Após quatro anos a CropLife Latin America, sua rede de Associações Nacionais e as empresas afiliadas se reuniram no Uruguai de 3 a 5 de outubro para trocar experiências e conhecer as novas tendências em gestão de plástico, economia circular e boas práticas agrícolas; essencial para avançar em direção a uma agricultura mais sustentável.
12 de outubro de 2023
Dezesseis apresentações e a troca de experiências de 17 países latino-americanos permitiram alcançar um ambiente imersivo sobre as tendências da gestão do plástico (rígido e flexível) e da economia circular, como chaves para avançar em direção a uma agricultura latino-americana com menor pegada ecológica. Aconteceu no workshop CampoLimpio organizado pela CropLife Latin America em Montevidéu, Uruguai, nos dias 3 e 4 de outubro.
Com o objetivo de avançar para uma economia circular e proporcionar a cada dia uma melhor solução de gestão final do plástico das embalagens vazias de praguicidas, foi destacada a importância de Projetar para reciclar (Eco-design); objetivo que têm as equipes responsáveis pelo desenvolvimento de embalagens para agroquímicos das empresas. Para a Corteva é fundamental promover o uso de materiais de fácil coleta, compatíveis com o sistema de reciclagem e com designs de boca larga para facilitar o esvaziamento e a tripla lavagem, como destaca Laura Novello, LATAM Packaging Leader.
Marcelo Okamura, presidente do Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias, inpEV no Brasil, destacou a importância do design das embalagens, principalmente com as cores, e defendeu que os materiais das novas embalagens sejam de cor natural, o que facilita a reciclagem. InpEV e o Sistema Campo Limpo no Brasil se destacam por recuperar 98% do plástico e reciclá-lo. Eles os transformam em novos recipientes para agroquímicos, tampas e resinas. Okamura garantiu que estão avançando nos testes para produzir recipientes de duas camadas, uma de material reciclado e outra de resina virgem, e não de três camadas como é feito atualmente.
No painel a Agricultura que nos espera, ficou evidente que, por necessidade e decisões legais, é fundamental que o programa CampoLimpio incorpore outros plásticos e resíduos agrícolas, como sacos de fertilizantes e fitas de irrigação por gotejamento. A afirmação foi feita por Rocío Pastor, Diretora Geral da SIGFITO na Espanha, que está avançando para cumprir a diretiva da União Europeia sobre a gestão de todos os resíduos de insumos agrícolas. Aldo Invernizzi, Diretor do Programa CampoLimpio no Uruguai, compartilhou o avanço na recuperação e processamento de plástico rígido e sacos de fertilizantes. Destacou os avanços no plano de gestão de produtos obsoletos aprovado em 2020, que inclui a recolha e posterior incineração, e é um trabalho conjunto com autoridades que conta com o apoio da FAO.
Um empreendimento para transformar plásticos de silobags em sacolas, carteiras e aventais de cozinha; a importância da participação ativa das cooperativas de agricultores para que eles possam entregar embalagens devidamente lavadas aos centros de coleta; e as alianças com a indústria de reciclagem, foram casos de sucesso do Uruguai apresentados durante o dia.
Por sua vez, Jorge Hernández, Diretor da Agrequima, Guatemala, apresentou novas experiências com picadores móveis que facilitam a entrega de plástico triturado aos recicladores a um melhor preço, e aumentam a coleta e a eficiência no manuseio de materiais. Jazmín Ruíz, coordenador da Amocali no México, destacou que estão começando a implementar um novo modelo de recuperação de plástico por meio dos distribuidores de insumos agrícolas, dias de coleta e o desenvolvimento do APP Siga-Mex para a rastreabilidade do plástico. A AHSAFE em Honduras apresentou seu novo modelo de gestão integrado e financeiramente autossustentável, com um imposto sobre a indústria de praguicidas e fertilizantes. É um modelo de gestão que conta com a participação do governo, dos agricultores, dos fabricantes e de uma cimenteira.
Amanda Baldochi, da Consultora de Sustentabilidade Fundação Eco+ da BASF, apresentou uma nova metodologia de análise de Ecoeficiência que, com a ajuda de um software, mede a pegada de carbono no ciclo de vida de um produto ou processo. O que nos permite melhorar a ecoeficiência e comunicar eficazmente o impacto positivo. A Eco+ trabalha com o INPEV no Brasil; com suas análises conseguiram constatar que em 20 anos o sistema Campo Limpo evitou a emissão de 974 mil toneladas de emissões de gases de efeito estufa, GEE, o que equivale a 18 mil viagens ao redor da terra, a 2, 2 milhões de barris de petróleo ou 6,9 milhões de árvores.
Com estas figuras ilustrativas e que facilitam a comunicação, concluiu-se o painel sobre o papel da comunicação do CampoLimpio, no qual foi destacada a importância das narrativas relacionadas com a sustentabilidade, e apoiadas em estudos e dados específicos. Mónica Velásquez, Diretora de Comunicação da CropLife Latin America, destacou a importância de priorizar objetivos e públicos, de ter dados, estudos e referências que enriqueçam a comunicação e fortaleçam a credibilidade e a confiança. Como caso de sucesso, Agrequima, Guatemala apresentou como o programa CampoLimpio contribui para o cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, utilizando a metodologia GRI, que permite a comunicação do impacto positivo do programa. Juan Manuel Medina e Oriana Zorrilla da equipe do CampoLimpio Argentina destacaram a importância das alianças, da presença territorial, da escuta permanente e da facilitação de espaços de conversação sobre questões de produção sustentável.
Assim terminou uma jornada produtiva de imersão no mundo da gestão responsável das embalagens utilizadas na agricultura. Sem dúvida, avançamos com propostas para uma economia mais circular e uma agricultura mais sustentável, afirmou Gabriela Briceño, Diretora de CuidAgro e CampoLimpio da CropLife Latin America.
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